Empregadores nos Estados Unidos enfrentarão uma escassez de cerca de 6 milhões de trabalhadores dentro de uma década, de acordo com um novo estudo da fornecedora de dados do mercado de trabalho Lightcast.
Uma combinação de aposentadorias, desencontro entre trabalhadores e empregos disponíveis e uma queda na participação da força de trabalho entre os homens está prestes a criar esse cenário. Com base no crescimento esperado da população, projeta-se essa lacuna até 2032 em comparação com o nível atual.
Nos próximos cinco a sete anos, “o crescimento da nossa força de trabalho não acompanhará o da nossa população”, disse Ron Hetrick, economista da Lightcast. “Teremos cada vez mais consumidores do que produtores, impulsionando aumentos de preços e escassez de produtos.”
Uma razão é que os trabalhadores mais velhos não estão mais impulsionando a expansão dos empregos nos EUA como faziam nas duas décadas anteriores à pandemia. O estudo descobriu que, dos cinco milhões de trabalhadores que deixaram a força de trabalho desde 2020, cerca de quatro quintos tinham mais de 55 anos.
Em 2027, o número de americanos que completam 65 anos —historicamente uma idade típica de aposentadoria— excederá pela primeira vez o número de jovens que completam 16 anos, o que significa que pode não haver entradas suficientes na força de trabalho para substituir os aposentados.
Outro problema iminente é o desequilíbrio entre os trabalhadores disponíveis e o tipo de trabalho em demanda. A força de trabalho está projetada para se tornar mais jovem, mais educada e mais feminina, mas esses grupos não são necessariamente compatíveis com as indústrias que devem precisar de mais mão de obra —incluindo saúde, construção e áreas como encanamento e manutenção de automóveis.
Muitos homens em idade produtiva estão desaparecendo do mercado de trabalho. Isso se deve em parte ao aumento do abuso de substâncias e encarceramento, que juntos são responsáveis por tirar 4,6 milhões de americanos da força de trabalho, segundo a pesquisa da Lightcast —em um momento em que há um número crescente de vagas em “trabalhos críticos e dominados por homens qualificados.”
A maioria das mortes ou vícios relacionados a drogas ocorre entre homens jovens, de acordo com o relatório —que também observa que o álcool é responsável por cerca de 232 milhões de dias de trabalho perdidos, o equivalente a 112 mil trabalhadores em tempo integral ausentes por um ano inteiro.
Desde a pandemia, o número de pessoas nos EUA que não têm emprego e não estão ativamente procurando entrar no mercado subiu de cerca de 95 milhões para 100 milhões.
Imigrantes provavelmente serão necessários para compensar parte da falta de homens americanos em idade produtiva, de acordo com o estudo. Algumas indústrias teriam dificuldades para funcionar sem eles. A Lightcast descobriu que 18% dos trabalhadores da saúde são estrangeiros, incluindo um em cada quatro médicos e um em cada cinco enfermeiros registrados.
Outra opção que tem sido sugerida para preencher a lacuna é a IA (inteligência artificial). Mas os pesquisadores da Lightcast são céticos de que a IA e a automação possam preencher os tipos de funções práticas e manuais que a economia precisará.
Na verdade, o estudo conclui que as indústrias que mais precisam de trabalhadores são precisamente aquelas onde a IA é menos provável de substituir os empregados humanos.