Milei ameaça dar Aerolíneas a privadas para conter greve – 19/09/2024 – Mercado


O governo argentino alertou os sindicatos aeroviários nesta quinta-feira (19) de que, se eles persistirem com a greve devido aos aumentos salariais, a operação da companhia aérea Aerolíneas Argentinas será entregue a empresas privadas, disse o porta-voz da presidência, Manuel Adorni.

“Em virtude das persistentes greves convocadas pelo sindicato, o governo nacional iniciou diálogos com várias empresas privadas latino-americanas para finalmente assumir a operação da Aerolíneas Argentinas, caso as extorsões que os argentinos estão sofrendo com esse tipo de medidas continuem”, disse Adorni em coletiva de imprensa.

A privatização da companhia aérea é um sonho do presidente ultraliberal Javier Milei, que a incluiu em uma lista de empresas estatais a serem privatizadas na chamada Lei de Bases, mas o Congresso a rejeitou e a excluiu.

A alienação das operações pode ser uma etapa intermediária para atingir esse objetivo, já que a privatização exige a aprovação do Congresso.

A ameaça do governo ocorre após semanas de conflito com os sindicatos de pilotos, pessoal de segurança dos aeroportos e outros sindicatos aeroviários que exigem compensação salarial diante da deterioração da renda em meio à inflação que atingiu 236% ao ano em agosto.

Os sindicatos rejeitaram, em agosto, a oferta de reajuste de 3% proposta pelo governo e vista como “provocativa” pelo movimento.

Adorni também questionou o direito de greve. “Em uma empresa privada, se você entra em greve e complica as operações, você é demitido, e a intenção é que aqueles que complicam a vida de milhares de argentinos com essas medidas tenham esse destino”, acrescentou.

A primeira paralisação deste mês ocorreu no dia 6 de setembro, afetando 150 voos e 15 mil passageiros nos terminais de Aeroparque e Ezeiza em Buenos Aires.

A segunda, no dia 13 de setembro, durou 24 horas, afetou 319 voos, mais de 30 mil passageiros domésticos e internacionais e custou de US$ 2,5 milhões (R$ 13,5 mi) a US$ 3 milhões (R$ 16,2 mi), de acordo com a empresa.

Na terça-feira (17), o governo definiu por decreto o serviço de transporte aéreo como “essencial”, o que obriga os sindicatos a garantir 50% dos serviços em caso de greve.

O anúncio desta quinta ocorreu enquanto sindicatos da aviação realizaram greves rotativas por faixas de horário nos 27 aeroportos do país, sem afetar os voos, de acordo com a Administração Nacional de Aviação Civil (Anac).

Apesar da greve, “todos os aeroportos estão operando com segurança operacional adequada”, disse a agência. Os sindicatos acusam o governo de “buscar o fechamento autoinfligido da Aerolíneas Argentinas”.

“Isso seria um lock-out patronal, buscando interromper a operação da empresa e depois culpar os sindicatos e seus trabalhadores”, argumentaram.

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