Brasil produziu 23 bilhões de litros de refrigerante 2023 – 19/09/2024 – Mônica Bergamo


O Brasil produziu mais de 23 bilhões de litros de refrigerante em 2023, mostra um anuário inédito elaborado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. O item é a bebida não alcoólica com o maior volume de fabricação no país, respondendo por 79% de tudo o que foi manufaturado na categoria no ano passado.

Apesar do volume expressivo, o segmento de refrigerantes teve a maior queda no número de estabelecimentos com linha de produção dedicada ao produto nas últimas décadas. Os registros contabilizados pelo governo indicam uma redução de 513 deles, no ano 2000, para 296 em 2023 —uma queda de 42,3%.

Ao todo, o Brasil registrou uma produção de mais de 29 bilhões de litros de bebidas não alcoólicas em 2023. Depois dos refrigerantes, a segunda maior categoria é a dos sucos, representando 12% de tudo o que foi feito.

Os dados constam no “Anuário das Bebidas Não Alcoólicas 2024”, elaborado pela Secretaria de Defesa Agropecuária e pelo Departamento de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura e Pecuária.

A publicação, que teve o apoio da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir), é a primeira da história da pasta dedicada ao setor.

O material reúne informações sobre diferentes itens, como polpa de fruta e água de coco, apresenta a evolução histórica das produções e também os estados e regiões que se destacam em cada uma das categorias existentes.

O anuário identificou, por exemplo, que ano passado houve um aumento de 6% na quantidade de suco exportada, com mais de 2 bilhões de quilos de produto sendo levados para 120 países diferentes. O número de destinos foi o maior já registrado desde 2011, quando 77 países recebiam o produto brasileiro.

A exportação do suco ainda resultou no faturamento de US$ 2,6 bilhões (cerca de R$ 14,2 bilhões, na cotação atual), um aumento de 20% em relação ao ano de 2022 e o maior valor observado no período.

Sozinho, o suco de laranja foi responsável por 91% do faturamento da exportação de suco brasileiro, com mais de 2,6 bilhões de quilos sendo levados a outros países.

Embora seja a bebida não alcoólica com o menor volume de produção do Brasil, com 1,7 milhão de litros feitos em 2023 (0,006% do volume nacional), a kombucha se destacou pelo crescimento de seu setor. Regulamentado pela primeira vez em 2019, o segmento passou de 17 estabelecimentos registrados para 174 em 2023 —uma alta de 923,5%.

Já o chá pronto para consumo teve o maior crescimento acumulado, com um aumento de 9.000% no número de estabelecimentos registrados entre 2000 e 2023, passando de 2 para 182 no período.

“O anuário dá visibilidade a dados que o governo tem e que permitem mostrar a grandeza do setor, o quanto ele emprega, o mapa de calor e de ocorrência dele no Brasil”, afirma à coluna o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart.

“Ele também desmistifica questões. Se você se perguntasse quais são os maiores estados produtores de água de coco, suco ou polpa de fruta, você diria que o Ceará está em segundo lugar? Você diria que o Nordeste lidera? É isso o que o anuário traz”, segue.

O secretário ainda diz que o compilado também tem sua importância ao valorizar a produção nacional e possibilitar um maior reconhecimento no exterior.

“Como é que você vai vender uma imagem lá fora se você não conhece a si mesmo? Nós somos entusiastas do anuário por causa dessa função social. Ele é, realmente, um indutor de políticas públicas por mostrar onde o governo pode olhar com mais atenção”, afirma.

O levantamento também aferiu, a partir de dados do Ministério do Trabalho, o número de empregos gerados pelo setor de bebidas não alcoólicas. Havia 72.356 postos de trabalho em 2023, 3.393 empregos a mais do que o ano anterior.

Presidente da Abir, Victor Bicca diz que o anuário é um marco por mostrar aquilo que os produtores de bebidas não alcoólicas vêem em seu dia a dia, mas não tem consolidado em números.

“Para nós, é uma satisfação muito grande ter um documento com todos esses dados. Nosso potencial de crescimento é muito grande. Até pouco tempo atrás, o Brasil era o terceiro maior mercado de bebidas no mundo. Hoje a gente está em quarto, e vem a Índia crescendo muito forte”, afirma ele.

“Que o anuário seja um instrumento para a gente continuar a crescer e para que as pessoas vejam como é rica a nossa indústria de bebidas. Não só pelas frutas que temos, mas também pela criatividade e inovação do brasileiro”, completa.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH


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