Um comitê da ONU acusou Israel, nesta quinta-feira (19), de graves violações de um tratado global que protege os direitos das crianças. As ações militares israelenses na Faixa de Gaza tiveram impacto catastrófico sobre elas e estão entre as piores violações da história recente, segundo a denúncia.
Autoridades de saúde palestinas ligadas ao Hamas dizem que mais de 41 mil pessoas foram mortas em Gaza desde que Israel lançou sua campanha militar em resposta aos ataques do grupo terrorista em 7 de outubro do ano passado. Na ocasião, segundo contagens israelenses, 1.200 foram mortos e 250 feitos reféns.
Do total de vítimas em Gaza, de acordo com balanço mais recente das autoridades palestinas, pelo menos 11.355 são crianças. Outras centenas ficaram feridas.
“A morte ultrajante de crianças é quase historicamente única. Este é um lugar extremamente sombrio na história”, disse Bragi Gudbrandsson, vice-presidente do comitê. “Não acho que tenhamos visto antes uma violação tão massiva como vimos em Gaza. Estas são violações extremamente graves e não as vemos com frequência.”
Israel, que ratificou o tratado em 1991, na Conferência de Madri, enviou uma grande delegação às audiências da ONU em Genebra no início deste mês. Representantes israelenses disseram, porém, que o tratado não se aplica a Gaza ou à Cisjordânia e que o país estava comprometido em respeitar o direito humanitário internacional.
O comitê elogiou Israel por comparecer, mas disse que “lamenta profundamente a repetida negação do Estado na parte de suas obrigações legais”.
Composto por 18 membros, o comitê da ONU monitora a conformidade dos países com a Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989 —tratado amplamente adotado que as protege da violência e de outros abusos.
Em suas conclusões, o órgão pediu a Israel que forneça assistência urgente a milhares de crianças mutiladas ou feridas pela guerra contra o Hamas, ofereça apoio a órfãos e permita mais retirada de civis de Gaza por motivos médicos.
O órgão da ONU não tem meios de impor suas recomendações, embora os países geralmente busquem cumpri-las.
Durante as audiências, os especialistas da ONU também fizeram muitas perguntas sobre as crianças israelenses, incluindo detalhes sobre aquelas feitas reféns pelo Hamas, às quais a delegação de Israel deu respostas extensas.
Sabine Tassa, mãe de um adolescente israelense de 17 anos morto a tiros nos ataques de 7 de Outubro, disse que crianças sobreviventes estavam traumatizadas. “Elas estão em um estado deplorável.”