Mãe grava vídeo de bebê chorando e descobre que ele estava tendo uma crise epiléptica – Notícias

Mãe grava vídeo de bebê chorando e descobre que ele estava tendo uma crise epiléptica – Notícias




A policial militar Janayna Monard Gomes Tomé, de 32 anos, descobriu que o filho de sete meses passava por crises epilépticas depois de perceber pequenas anormalidades no choro do bebê.


“Ele chorava muito e pensávamos que era por causa de cólica, que é comum em bebês. Só que ele era um bebê diferente, porque ele chorava muito, mas muito mesmo”, afirma a mãe.





A gravidez de Janayna foi “toda normal”, até a chegada das 30 semanas, quando ela teve uma infecção urinária “um pouco grave”.


“Dei entrada no hospital com infecção urinária e leves contrações, para começar o trabalho de parto, só que sem dilatação. Por segurança, a médica preferiu me internar. Passei três dias no hospital sendo monitorada direto e fazendo ultrassom todos os dias. Na primeira ultrassom, ele apresentou pouco líquido na placenta. Na terceira, já estava sem nenhum líquido”, lembra.


Naquele momento, Janayna foi submetida a uma cesárea de emergência. Pedro Monard Tomé, como foi batizado, nasceu prematuro e passou, em média, 27 dias na UTI e outros quatro no quarto do hospital.


O pequeno foi entubado por sete dias para conter uma queda na saturação (oxigênio não consegue chegar até o pulmão), teve uma convulsão e hemorragia durante a internação. Por essa razão, Janayna recebeu durante a alta um encaminhamento para o neuropediatra.


“Porém na minha cidade não tem neuropediatra – moro na capital de Macapá. Só existe uma neuropediatra que atende e ela só teria vaga para o outro ano [2024]”, lamenta.


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A mãe então fez consultas por vídeo com o neuropediatra do outro filho, diagnosticado com paralisia cerebral, que tem consultório no Pará. Enquanto os exames não apontavam anormalidades, o quadro de Pedro piorava.


“Ele só parava de chorar quando mamava e quando dormia, fora isso, quando estava acordado, era só choro. Com dois meses ele fez um eletroencefalograma e deu normal. O neuro que atendeu ele na época disse que não tinha nada de anormal e pediu para, quando ele estivesse um pouco maior, fazer uma ressonância”, recorda.


A família chegou a consultar um cirurgião pediatra, um gastropediatra e outros diversos especialistas, mas as conclusões eram que se tratava de cólica ou um sintoma comum do sistema digestivo imaturo. Quando o Pedro fez quatro meses, as crises de choro aumentaram ainda mais.


“Não aguentei mais e falei ‘vou levar ele para outra cidade’. Levei para Belém. Quando chegou lá, ele já foi direto ser internado no hospital e foi avaliado por uma neuropediatra. Só que ela não conseguiu identificar nele a convulsão, porque ele não convulsionava na frente dela e eu não me atentava em filmar os momentos”, conta Janayna. 





No período, as convulsões de Pedro eram de ausência – desligamento temporário, com “olhar parado, sem responder o chamado e sem mexer. Ele ficava olhando paradinho e, depois que voltava, chorava como se estivesse doendo”.


Segundo Pollyanna Barbosa Lima Cerqueira, neuropediatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, existem diversos padrões diferentes de uma crise epiléptica, já que os sintomas dependem da região cerebral que está ocorrendo a atividade elétrica anormal.


Mas, no caso dos bebês, uma forma de reconhecer é por esse “choro diferente do ‘habitual’, além de poder estar acompanhado de outros sintomas como parada comportamental, apatia, alteração no olhar (olhar fixo/perdido ou desvio do olhar para determinado lado, entre outros)”.


Mesmo apresentando esses sinais, depois de sete dias no hospital, a família voltou para casa sem diagnóstico. Janayna continou com as consultas à distância e, agora, com sete meses, o bebê iria repetir o eletroencefalograma que fez no início do ano.


“Eu marquei, agendei tudo [estava previsto para o dia 13 de maio], só que ele teve a crise, que foi aquela do vídeo, na segunda-feira, dia 8. Quando ele teve essa crise, mandei [o vídeo] para o neuro e para a pediatra, e eles falaram ‘corre com o teu filho para o hospital que ele está tendo uma convulsão’. Aí eu corri com ele para o hospital”, relembra a mãe.


Abaixo o vídeo enviado pela mãe aos especialistas:





De Macapá eles foram transferidos para Recife, onde estão até hoje. Em meio aos exames, o pequeno continua tendo episódios de convulsão. Ele está tomando medicamentos para tentar controlar as crises e se alimentando por sonda, pois não consegue mamar.



Identificando os sinais



Enquanto espera o diagnóstico do filho, Janayna fala sobre os principais sinais que Pedro apresentava, para que outras mães possam ficar atentas a esses “pequenos” sintomas.


“Começou com choro que não cessava, ele dormia chorando. Quando é cólica, ele chora muito, claro, com muita dor, ele se estica, mas em determinado momento para, porque a cólica é o movimento do intestino – o intestino não fica fazendo esse movimento o dia todo –, então a criança não pode chorar o dia todo”, afirma.


E acrescenta: “A partir daí comecei a perceber, quando ele começou a passar mais tempo acordado, o olharzinho distante, ele não fixava em nada. Quando mexia com ele – durante a crise de ausência –, ele não me acompanhava, ficava com olhar parado e não piscava. Foi a primeira coisa que eu achei estranho, ele passava horas sem piscar. Logo após isso, choro.”


Além disso, Janayna conta que Pedro tinha risos involuntários, “aquele riso que o recém-nascido dá de olho fechado, que pensamos que ele está sonhando”, várias vezes e, logo em seguida, voltava a chorar.


“Depois, quando foram passando os meses, foi ficando cada vez mais forte: de uma crise de ausência passou para uma de espasmos. Ele tinha tipo um espasmo (toda a parte muscular se comprimia), como se fosse aquele reflexo de Moro [movimento involuntário do corpo do bebê], só que, quando ele voltava desses espasmos, já voltava chorando. E não era só o espasmo, o olho abria como se ele estivesse levando um susto”, diz a mãe.





Apesar de o pequeno ainda não ter um diagnóstico fechado, a identificação precoce desses sintomas e da crise propriamente dita deverá fazer toda a diferença.


“Como em todos os quadros neurológicos, a detecção precoce é importantíssima para que, o quanto antes, possa ser feita a avaliação clínica e exames complementares, assim como seja iniciado o tratamento adequado, a fim de evitar possíveis atrasos/prejuízo no desenvolvimento neuropsicomotor da criança”, explica Pollyanna.


Isso porque as crises epilépticas podem ter várias origens, desde doenças genéticas e metabólicas a alterações estruturais no cérebro, como malformações ou tumores.


Diante dessa importância, Janayna, que passou por diversas negativas enquanto desconfiava que havia algo fora do padrão com o filho, também reforça a necessidade de as mães procurarem ajuda especializada em caso de qualquer anormalidade, bem como a de confiar em seu instinto materno.


“Fiquem bem atentas ao choro da criança e não deixem de acreditar se houver instintos dizendo que há algo errado, procurem um médico e, se aquele médico não acreditar, procura outro e filma todo comportamento estranho”, aconselha.


*Sob supervisão de Fernando Mellis


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douglasc

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