Sinais de vida em luas geladas podem ser coletados do espao

Sinais de vida em luas geladas podem ser coletados do espao

Espao

Redação do Site Inovação Tecnológica – 07/12/2023

Renderizao artstica destacando as plumas de gelo que de fato so ejetadas de Enclado a velocidades de at 1.300 quilmetros por hora – elas no so assim to densas e visveis na realidade.
[Imagem: NASA]

Vida em luas geladas

Astrofsicos demonstraram que possvel fazer uma boa avaliao da existncia de vida nas plumas de gua ejetadas pela lua Enclado, de Saturno, sem precisar pousar.

A lua apontada por alguns cientistas como o provvel abrigo da vida extraterrestre mais prxima da Terra porque ela parece abrigar um oceano global por baixo de suas extensas camadas de gelo.

A ideia mais considerada at agora consiste em enviar uma sonda para pousar em Enclado e pesquisar seu oceano mergulhando nele, embora alguns especialistas apostem que uma sonda orbital pode mapear molculas indicadoras de vida presentes nas famosas plumas que so continuamente ejetadas de sua superfcie rumo ao espao.

Mas Sally Burke e colegas da Universidade da Califrnia de San Diego acreditam que uma misso orbital pode fazer muito mais, efetivamente capturando amostras dessas plumas e analisando-as em laboratrios a bordo de uma nave – e isto muito melhor do que usar espectroscopia ou outras tcnicas para analisar as molculas distncia.

Estas plumas proporcionam uma excelente oportunidade para recolher amostras e estudar a composio dos oceanos de Enclado e a sua potencial habitabilidade. No entanto, at agora no se sabia se a velocidade das plumas, somada velocidade da prpria sonda, fragmentaria quaisquer compostos orgnicos contidos nos gros de gelo, degradando ou mesmo destruindo as amostras.

Burke demonstrou agora experimentalmente que eventuais aminocidos transportados nestas plumas de gelo podem sobreviver a velocidades de impacto de at 4,2 km/s, o que viabiliza sua coleta e deteco por naves espaciais.

Sinais de vida em luas geladas podem ser coletadas do espa

Esquema do experimento.
[Imagem: Sally E. Burke et al. – 10.1073/pnas.2313447120]

Capturando vida sem destru-la

O experimento comeou com a imitao das plumas, criando gros de gelo usando ionizao por eletroasperso, onde a gua empurrada atravs de uma agulha mantida em alta voltagem – a forte carga eltrica quebra a gua em gotculas cada vez menores.

Depois de injetar as gotculas em uma cmara de vcuo, onde congelam, a equipe mediu sua massa e carga e, em seguida, usou detectores de imagem para observar os gros enquanto voavam pelo espectrmetro. Um elemento-chave do experimento foi a instalao de um detector de ons, uma placa repleta de microcanais, para cronometrar com preciso o momento dos impactos com preciso de nanossegundos.

Os resultados mostraram que os aminocidos – frequentemente chamados de blocos de construo da vida – podem ser detectados com fragmentao limitada at velocidades de impacto de 1.500 km/h (4,2 km/s).

Em 2024 a NASA planeja lanar a sonda espacial Europa Clipper para visitar outra lua, Europa, s que de Jpiter. Europa outro mundo ocenico que possui uma composio gelada semelhante de Enclado. H esperana de que a Clipper ou quaisquer futuras sondas sejam capazes de identificar uma srie especfica de molculas nos gros de gelo, que possam apontar se existe vida nos oceanos subterrneos dessas luas.

Mas as molculas precisam sobreviver sua rpida ejeo da lua e coleta pela sonda. Agora sabemos que elas podem sobreviver, e isso pode fundamentar o desenvolvimento de instrumentos cientficos especficos para futuras sondas.

“Para ter uma ideia de que tipo de vida pode ser possvel no Sistema Solar, voc quer saber se no houve muita fragmentao molecular nos gros de gelo amostrados, para que voc possa obter aquela impresso digital do que quer que seja que a torne uma forma de vida autocontida,” disse o professor Robert Continetti. “Nosso trabalho mostra que isso possvel com as plumas de gelo de Enclado.”

Bibliografia:

Artigo: Detection of intact amino acids with a hypervelocity ice grain impact mass spectrometer
Autores: Sally E. Burke, Zachary A. Auvil, Karl A. Hanold, Robert E. Continetti
Revista: Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 120 (50) e2313447120
DOI: 10.1073/pnas.2313447120

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